Em um casarão simples, cerca de sete artesãos expõem cestos urutu, balaios, balaios de canoa, jarros trançados; são diversas cestarias de tamanhos e formas diferentes. O local fica na comunidade do Areal, no km 19 da estrada de Camanau, no município de São Gabriel da Cachoeira, onde recebeu na quinta-feira (01/08) a Rodada de Negócios do Sebrae Amazonas, que tem o objetivo de fazer a conexão entre artesãos indígenas e empresários de Manaus. A iniciativa faz parte da programação do Festival Sebrae de Negócios, que está sendo realizado até o dia 03 de agosto.
Com 35 famílias residentes, a comunidade do Areal possui quase 20 artesãos, que expõem seus produtos em um casarão erguido na pequena comunidade. São produtos diversos que compõem o ambiente simples e que exala cultura ancestral.
Artista e artesão da comunidade, Fileto Neto, já teve suas peças produzidas por ele e pela sua família vestidas pela cantora paraense Gaby Amarantos, que foi fotografada pela Vogue Brasil, acredita que o artesanato é uma forma de manter a subsistência cultural e também de garantir renda e trabalho para os comunitários.
Além disso, Fileto acredita que a rodada de negócios do Sebrae-AM na comunidade é uma oportunidade de dar visibilidade tanto à comunidade quanto ao artesanato.
“Ter os empresários na nossa comunidade é uma ação importante, enxergamos como uma troca: eles conhecem o nosso trabalho e nós negociamos nossos produtos; em troca, nossa arte é mais difundida, nossa comunidade é mais vista”, ressalta o artista.
O Festival Sebrae de Negócios em São Gabriel da Cachoeira está sendo realizado em etapas. No primeiro momento, foram realizadas capacitações, que aconteceram no período de 22 a 26 de julho. De 29/07 a 01/08, foram realizadas consultorias. Nos dias 02, 03 e 04 de agosto, serão realizados feira orgânica, palestras, workshops, oficinas e programação cultural.
Na comunidade do Areal, foi realizada no dia 30/07 a oficina de fotografia para redes sociais. Dez pessoas da comunidade participaram. Para a artesã Luciana Vieira, a oficina agregou conhecimentos para o trabalho artesanal que ela já faz.
“São muitas coisas para aprender, principalmente sobre redes sociais. Então, essa orientação que recebemos de como usar a internet, como fotografar nossos produtos, é muito importante”, conta a artesã, que é uma das administradoras da conta @cestarias_indigenas_curipaco, onde são divulgados e comercializados os artesanatos da etnia Curipaco feitos à mão.
Participando da Rodada de Negócios, a gerente da Galeria Amazônica, Ana Helena da Silva Cabral, esteve presente visitando e conhecendo os artesãos, associações e comunidades. A galeria, que fica localizada em frente à Igreja de São Sebastião e ao Teatro Amazonas, no centro de Manaus, funciona como loja e galeria de arte, com um acervo de diversos povos. Atua desde 2008 e nasceu de uma parceria entre a Associação Comunidade Waimiri-Atroari (ACWA) e o Instituto Socioambiental (ISA).
“A Rodada de Negócios do Sebrae funciona como uma ponte direta entre as instituições e os artesãos. Isso acaba aumentando o fluxo de vendas deles, ajuda a escoar o artesanato das associações e dos artesãos que trabalham sozinhos também. Isso é muito bom porque faz com que as lojas venham até eles, conheçam mais a realidade deles, como é a comunidade, como eles trabalham e articulam dentro dos seus territórios”, destaca a gerente.
“Trazer os empresários para conhecer de perto as comunidades, ver como é feita a produção dos seus produtos, negociar diretamente com os artesãos, dando todo o suporte para que parcerias sejam firmadas é o nosso objetivo com a programação do Festival Sebrae de Negócios aqui no município. Capacitamos os artesãos, estamos fazendo todo o acompanhamento, tudo para que os pequenos negócios continuem expandindo e levando a sua arte e cultura não somente para Manaus e para outros estados, mas para todo o Brasil”, comenta o gestor do Atendimento Territorial Rio Negro do Sebrae-AM, Frank Rodrigues. Apenas na comunidade, a estimativa é que a rodada negociou cerca de R$ 4 mil em peças artesanais.