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Agricultores buscam adequação por selo de Indicação Geográfica do Guaraná de Maués

Reconhecimento agrega valor ao fruto desde 2018 no município, que com o selo comercializou 6 toneladas do produto neste ano
Por Bruno Tadeu
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Agricultores vinculados a associações e cooperativas de Maués (a 276 quilômetros a leste de Manaus) estão em busca da ampliação do uso do selo de Indicação Geográfica (IG) do Guaraná de Maués para dobrar o número de pessoas autorizadas a utilizar o selo. Eles preparam adequações no manuseio do fruto para o reconhecimento de qualidade e valorização da cadeia.

Atualmente, 15 agricultores estão autorizados a utilizar a marca. Isso porque eles atendem às especificações do processo produtivo reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para que os novos trabalhadores interessados adquiram esse status, as associações e cooperativas do município farão um levantamento junto aos associados a fim de prepará-los.

E o primeiro passo aconteceu no dia 29 de junho, quando agricultores se reuniram no Museu do Homem de Maués, em assembleia da Associação da Indicação Geográfica Guaraná de Maués para traçar a estratégia de ampliação do uso do selo, na busca por agregar valor ao produto.

Participaram da reunião produtores vinculados a CooperMaués, Cooperguará, Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadi (AAFAU), Associação Comunitária Agrícola do Rio Urupadi (Ascampa), Associação dos Produtores Agroextrativistas da Floresta Estadual de Maués (Aspafemp).

Na ocasião, foi definido que os deslocamentos da Comissão de Avaliação da Indicação Geográfica Guaraná de Maués para as visitas de auditorias nas propriedades rurais serão operacionalizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

“A instituição vai apoiar no deslocamento da comissão de avaliação nas visitas técnicas da auditoria de conformidade, além de realizar o levantamento dos agricultores que querem adquirir o forno de barro. A próxima etapa consiste em apoiar na aquisição desses fornos”, explicou o chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural da SFA, Vinícius Lopes.

O forno de barro é um dos requisitos para o processo produtivo dentro da conformidade exigida pelo INPI. Ele é utilizado tradicionalmente pelos indígenas e proporciona uma torrefação mais lenta, o que garante qualidade ao produto. Também há exigências de adequações para separação dos grãos, ensacamento e estocagem.

Forno de barro garante torrefação mais qualificada ao guaraná e é exigência para uso do selo de Indicação Geográfica

Histórico

Em janeiro de 2018, o INPI concedeu o selo da Indicação Geográfica Guaraná de Maués após mais de 10 anos de estruturação do processo, com apoio do Sebrae Amazonas, instituições municipais, estaduais e federais. Na safra de 2021, os primeiros sete agricultores do rio Urupadi, vinculados à Ascampa, realizaram a primeira comercialização de 2,5 toneladas de guaraná, com certificação orgânica e selo da indicação geográfica, possibilitando um valor agregado de R$ 6,00 por quilo.

Em 2022, o número de agricultores mais que dobrou, chegando a 15, com comercialização de 6 toneladas e agregação de R$ 7,00 por quilo. Para o próximo ano, a previsão é que pelo menos 30 agricultores possam utilizar a estratégia da Indicação Geográfica e da certificação orgânica, com comercialização de 10 toneladas do produto.

Novos mercados

Ao mesmo tempo em que se busca ampliar o número de agricultores utilizando o selo e, por consequência, o volume de produto comercializado, os trabalhadores dessa cadeia articulam a imersão em novos mercados que reconheçam a qualidade, a história e o saber-fazer das comunidades tradicionais ribeirinhas na produção do legítimo guaraná.

A analista técnica do Sebrae Amazonas, Wanderleia Teixeira, revelou que existem atividades em andamento para essa ampliação de horizontes. “Elas irão criar relação de negócios com os agricultores, como, por exemplo, a participação no Green Rio, que acontecerá no Rio de Janeiro, no mês de setembro, e no evento nacional de Indicação Geográfica que acontecerá em Curitiba, no mês de outubro”, destacou.

Indicações Geográficas

No Brasil, o selo de Indicação Geográfica conferido pelo INPI é concedido a uma região que ficou conhecida ou apresentou vínculos relativos à qualidade e características de um produto ou serviço, conforme estabelecido pela Portaria INPI/PR Nº 4, de 12 de janeiro de 2022.

Atualmente, o Amazonas possui seis IGs: farinha de Uarini, peixes ornamentais do Rio Negro, abacaxi de Novo Remanso, pirarucu de Mamirauá, guaraná de Maués e Andirá-Marau (guaraná dos indígenas), cuja área contempla parte de municípios do leste amazonense e do Pará. Até dezembro de 2022, outras três indicações devem ser estabelecidas junto ao INPI: queijos de Autazes, mel de abelhas nativas de Boa Vista do Ramos e o açaí de Codajás.

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