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O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu, na RPI nº 2865 de terça-feira (02/12), o registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), para o mel de Boa Vista do Ramos, no Amazonas. A conquista, viabilizada com o apoio do Sebrae Amazonas e parceiros, representa um marco para os produtores locais e para a economia do município. O registro oficial reconhece a singularidade do mel da região, resultado da combinação entre biodiversidade amazônica e saber tradicional dos meliponicultores.
Produzido por abelhas nativas sem ferrão, o mel de Boa Vista do Ramos apresenta características sensoriais únicas, como aroma intenso, leve acidez e coloração diferenciada, que agora passam a contar com proteção legal e valorização no mercado. Além de reforçar a identidade da cidade como “terra do mel”, o registro abre novas perspectivas de competitividade e expansão comercial, consolidando o município como referência na meliponicultura.
A meliponicultura tem grande importância no Amazonas. Há registros de quase 200 espécies de Meliponíneos na região, e mais de 40 municípios produzem mel, mas Boa Vista do Ramos se destaca nacionalmente, como o destino mais doce do estado. O município reúne vegetação favorável, grande diversidade de espécies e alta produtividade. A atividade beneficia diversas famílias, gera renda e contribui diretamente para a conservação da vegetação e o aumento da produção de pomares.
O mel reconhecido pelo INPI é produzido em meliponários de terra firme e áreas de várzea, exclusivamente por abelhas indígenas sem ferrão, como a Melipona seminigra (jandaíra) e a Melipona interrupta manauense (jupará).
O reconhecimento foi oficializado após solicitação da Associação de Meliponicultores de Boa Vista do Ramos (Amel) e marca um passo importante para fortalecer a comercialização e ampliar o valor agregado do produto. O processo de estruturação começou há cerca de quatro anos, fruto da parceria entre o Sebrae Amazonas e a Prefeitura de Boa Vista do Ramos, além de instituições como o Fórum Origens Amazonas, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e o Governo do Estado do Amazonas.
Além de articular o registro, o Sebrae Amazonas contribuiu para a melhoria dos processos de manipulação, embalagens e acesso a novos mercados, incluindo a participação em feiras e eventos.
O presidente do Conselho Deliberativo Estadual (CDE) do Sebrae Amazonas, Antonio Silva, ressaltou o papel estratégico da parceria institucional.
“Esse resultado mostra como a união entre produtores, prefeitura e instituições parceiras pode transformar a realidade local. O mel de Boa Vista do Ramos passa a ser reconhecido nacionalmente como um patrimônio do Amazonas”.
“Esse reconhecimento é uma vitória para os produtores e para toda a comunidade. O selo de Indicação Geográfica garante mais competitividade e abre novas oportunidades de mercado para o mel de Boa Vista do Ramos”, destacou a diretora-superintendente do Sebrae Amazonas, Ananda Pessôa.
A diretora técnica do Sebrae Amazonas, Lamisse Cavalcanti, destacou o impacto do registro na economia regional.
“A IG é um instrumento que protege a identidade do produto e assegura ao consumidor a autenticidade da origem. Isso fortalece a cadeia produtiva e contribui para o desenvolvimento sustentável do município”.
O presidente da Ame, Arlindo de Oliveira Cardoso Neto, celebrou o pioneirismo.
“A Amel reúne atualmente cerca de 95 associados e acreditamos que esse número vai crescer ainda mais com a certificação. Foram quase quatro anos de luta, em parceria com diversas instituições, para alcançar esse reconhecimento. Descobrimos que essa é a primeira Indicação Geográfica do mundo voltada para abelhas indígenas sem ferrão. Isso nos enche de orgulho e reforça o valor do nosso produto. É um passo gigantesco, mas sabemos que ainda há muito a conquistar”.
A tradição local também impulsionou o desenvolvimento de eventos ligados ao setor, como a Festa do Trabalhador e a Feira do Mel, que reforçam a notoriedade do município. O reconhecimento da atividade levou ainda à instalação da primeira Casa do Mel do Amazonas, equipada de acordo com as normas sanitárias e habilitada pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para a comercialização do produto.
Indicações Geográficas
Atualmente, o Amazonas reúne nove Indicações Geográficas (IGs). Entre elas estão o tradicional Guaraná de Maués; o Guaraná Andirá-Marau, cultivado nas divisas entre Amazonas e Pará; os Peixes Ornamentais do Rio Negro, reconhecidos nos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro; o Abacaxi, cuja área de abrangência compreende os territórios das comunidades de Novo Remanso e Vila do Engenho, em Itacoatiara (AM), da comunidade de Caramuri, em Manaus (AM), além de áreas de cultivo no município de Rio Preto da Eva (AM); a Farinha de Uarini, típica dos municípios de Tefé, Uarini, Alvarães e Maraã; o Pirarucu de Mamirauá, que envolve trechos de nove municípios do estado, Alvarães, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé, Tonantins e Uarini; o Açaí de Codajás; o tradicional Queijo de Autazes; e agora, o Mel de Boa Vista do Ramos.
Ações Sebrae
Boa Vista do Ramos também se destaca por participar do programa Cidade Empreendedora, uma parceria direta entre a prefeitura local e o Sebrae Amazonas, que promove o empreendedorismo e fortalece os pequenos negócios no município. Como parte da estratégia de interiorização, o município é atendido pelo escritório regional do Sebrae em Parintins, garantindo suporte técnico e proximidade no atendimento aos empreendedores e produtores locais.
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Fotos: Divulgação.
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