ASN AM Atualização
Compartilhe

Restaurante indígena comandado por mulheres alia ancestralidade à inovação

‘Sumimi’ é fruto da visão empreendedora de Neurilene Miskui, que oferece experiência gastronômica em RDS
Por ASN Amazonas
ASN AM Atualização
Compartilhe

Às margens do Rio Cuieiras, a 60 quilômetros de Manaus, a Comunidade Indígena ‘Três Unidos’ guarda um símbolo do empreendedorismo transformador. O Restaurante Sumimi, criado em 2012, é comandado por uma mulher e indígena da etnia Kambeba, a empreendedora Neurilene Miskui. A iniciativa mudou o cotidiano do local a partir do desenvolvimento de um negócio turístico estruturado com base na cultura do povo Kambeba.

Neurilene conta que nunca se viu no empreendedorismo, mas a necessidade de renda mudou essa realidade. Há 10 anos, um projeto da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) foi iniciado para construção de uma escola em ‘Três Unidos’, onde a empreendedora enxergou uma oportunidade para criar um restaurante que servisse aos funcionários das instalações e, futuramente, visitantes do Amazonas e de todo o país.

Inicialmente, a cozinha começou com a mobilização de dez mulheres da comunidade, que construíram um cardápio voltado para receitas tradicionais do Povo Kambeba, além de pratos regionais com peixes amazônicos como Tambaqui, Matrinxã, Jaraqui e entre outros, assados no moquém.

O destaque, porém, é do ‘Fani’, prato Kambeba feito com macaxeira e Pirarucu, onde é cozido na folha de bananeira. Segundo a empreendedora, toda a produção e degustação seguem ritos de acordo com a ancestralidade da etnia, em uma experiência além da alimentação em si, proporcionando conscientização e quebra de paradigmas acerca da cultura indígena.

“Tentamos passar o máximo da cultura e acabar com certos preconceitos. Não é porque somos indígenas que a gente come de qualquer jeito”, comentou.

Sumimi

O Restaurante Sumimi ganhou o nome na língua originária Kambeba que significa Japiim, um pássaro inteligente que consegue imitar o canto de outras aves e faz seu próprio ninho em bolsões suspensos das árvores. A ideia é expressar a capacidade de inovação e reinvenção do empreendimento, sem esquecer suas origens. “A gente se volta pro costume pra não se deixar perder o que é nosso”, constatou Neurilene.

O empreendimento foi acompanhado pelo Sebrae Amazonas por dois anos com uma série de capacitações técnicas sobre gestão, precificação e culinária regional, visando a inserção, diversificação e permanência do Sumimi no mercado amazonense.

Outra história

Assim como as mais de 176 mil empreendedoras do Amazonas, Neurilene encarou diversos desafios na construção do seu negócio. Ela revela que enfrentou, por muito tempo, os estigmas da própria cultura, pois, como provedor da família, a figura do homem é predominante para os Kambeba. Entretanto, com a renda do empreendimento, ela não só manteve a casa como aprimorou o restaurante e fortaleceu a comunidade. Também conseguiu custear o próprio curso técnico de enfermagem para trabalhar com saúde indígena.

“Tudo isso que passei só me fortaleceu e me fez crescer com a experiência. Tive muita coragem pra mudar minha realidade e hoje minha história é outra”, comemorou.

Três Unidos

A Comunidade Indígena Três Unidos fica localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, distante de Manaus 1h30 de lancha e 6h de barco. Na comunidade é possível encontrar um trabalho de turismo coletivo que envolve passeios, o restaurante Sumimi, a Pousada ‘Canto dos Pássaros’ e artesanato voltado ao vestuário tradicional Kambeba. As reservas para diárias ou visitas estão livres para o ano inteiro e os orçamentos são feitos mediante o contato no link: bit.ly/Restaurante-Sumimi.

  • Amazonas
  • Empreendedorismo
  • Empreendedorismo Feminino
  • Empreendedorismo Indígena
  • Herança Indígena
  • Impacto
  • Kambeba
  • Negócios
  • Povos Indígenas
  • RDS Amazonas
  • Rio Cuieiras
  • Rio Negro
  • Sebrae Amazonas
  • Três Unidos
  • Turismo